segunda-feira, 30 de maio de 2011

Mercado se adaptaria à fusão de Pão de Açúcar e Carrefour, diz Abras

Rodrigo Petry, da Agência Estado
 
SÃO PAULO - Uma eventual fusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil, levantada por reportagem do jornal francês Le Journal du Dimanche, ampliaria a concentração no setor supermercadista. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, o mercado se "adaptaria" à união de ativos de grandes varejistas. "Na indústria, a concentração em alguns produtos é extremamente forte, mas isso não impede a competição", disse.
Honda exemplificou que na Região Sul, a presença do Pão de Açúcar é tímida, com forte representatividade de supermercados de atuação local. Assim como no Sul, nas regiões Norte e Nordeste, e até em praças como o Rio de Janeiro, uma fusão entre o Pão de Açúcar e Carrefour não "alteraria o desenho de concentração" do setor. O dirigente destacou ainda que, excluídas as operações de bens duráveis do Pão de Açúcar, com as bandeiras da Casas Bahia e Ponto Frio, a concentração seria ainda menor.
Segundo a Abras, a participação das vendas das maiores empresas do setor de supermercados no Brasil, leia-se Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, subiu de 38%, em 2008, para 40%, em 2009, avançando para 43% no ano passado. O aumento na concentração foi impulsionado pela associação do Pão de Açúcar com a Casas Bahia. Honda avalia que, embora a concentração avance, ainda está longe da realidade na Europa, onde as cinco maiores redes respondem por 70% a 80% das vendas.
Hoje, o Pão de Açúcar enviou comunicado ao mercado descartando uma negociação com o Carrefour. De acordo com a nota, o acionista Abílio Diniz informa que "está sempre em busca de alternativas para o crescimento da companhia", mas que não existe nenhum "fato ou ato" que justifique uma divulgação ao mercado.

Produtores de MT preveem quebra de até 40% na safrinha de milho

Venilson Ferreira, da Agência Estado
 
LUCAS DO RIO VERDE - As projeções sobre a redução na produção de milho safrinha em Mato Grosso, por causa da falta de chuvas que prejudicou o desenvolvimento das lavouras durante o período de formação dos grãos, oscilam entre 20% e 40% em relação ao volume colhido no ano passado. No geral, as chuvas no Estado cessaram na primeira semana de abril, mas houve algumas ocorrências localizadas na região do médio-norte. A região mais prejudicada é a noroeste, onde o plantio do milho foi tardio, em virtude das chuvas que atrapalharam a colheita da soja.
José Guarino Fernandes, vice-presidente para a região oeste da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), disse que a situação é grave. De acordo com ele, as estimativas da regional do Banco do Brasil são conservadoras, apontando para uma quebra de 20%. Na opinião do presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, a redução da produção será da ordem de 1,5 milhão de toneladas (18,75%) ante o ano passado.
A projeção mais pessimista é do delegado da Aprosoja em Sinop, Leonildo Bares, que prevê uma queda de até 40% na produção, levando em conta a observação feita ao percorrer as principais regiões produtoras do Estado. Bares explicou que o milho plantado até o dia 15 de fevereiro recebeu alto investimento em tecnologia, para colheita de mais de 70 sacas por hectares. Já o milho plantado após este período teve menor uso de insumo, disse ele. Bares acrescentou que o produtor nesta safra semeou o milho no dia 20 de março, bem mais tarde do que no ano passado, quando o plantio foi feito em 16 de fevereiro. No ano passado, ele iniciou a colheita em 2 de junho e neste ano só deve começar no dia 20.
Antonio Galvan, diretor da Aprosoja e presidente do Sindicato Rural de Sinop, calculou que a quebra de safra do milho deve ficar entre 20 a 25%. Segundo Galvan, uma indicação de que a redução será expressiva é o aumento do interesse pelas compras antecipadas. As propostas de compra que há duas semanas estavam em R$ 16/saca agora estão na faixa de R$ 17 a R$ 18. Galvan recordou que nesta mesma época do ano passado, quando os agricultores recebiam propostas de R$ 8/saca, o governo federal "achava que a gente deveria parar de plantar milho". Neste ano, afirmou ele, o governo "está com um abacaxi na mão, pois enfrenta problema de abastecimento de milho".
Ainda não existem dados oficiais sobre a quebra de milho, nem mesmo por parte do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que é vinculado à Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). A aprovação do novo Código Florestal e as especulações sobre o nível de queda da produção de milho foram os assuntos mais discutidos nas rodas de produtores durante a feira de tecnologia agrícola (Entec), que está sendo realizada nesta semana em Lucas do Rio Verde. O evento teve ontem mais uma etapa do ciclo de palestras do Circuito Aprosoja, que percorre os principais polos agrícolas do País.
Em seu pronunciamento, o presidente da Famato, Rui Prado, criticou a "pirotecnia" dos governos estadual e federal nas ações de combate ao desmatamento no norte de Mato Grosso. "Dói no coração", disse ele, que apontou a demora na liberação de licenças como uma das causas para a retomada dos desmatamentos ilegais, que "criou uma demanda reprimida". Prado disse que, entre outras causas, estão a falta de informação, pois alguns achavam que poderiam ser beneficiados pela nova lei. Outro fator é a especulação visando à valorização da terra, como foi o caso de um produtor do Paraná que derrubou 5 mil hectares de florestas.

domingo, 22 de maio de 2011

País enfrenta ‘dores do crescimento’Demanda por serviços supera a oferta, e a expansão da economia deixa nos brasileiros a impressão de que o País está caro e lotado

Raquel Landim, de O Estado de S. Paulo
21 de maio de 2011 | 18h 41
 
SÃO PAULO - Os brasileiros já sentem no seu dia a dia as "dores" do crescimento do País. Atividades cotidianas - pegar um táxi, comer num restaurante, conseguir um quarto de hotel, viajar de avião - tornaram-se verdadeiros desafios, principalmente nos grandes centros. A sensação das pessoas é que o Brasil está "caro" e "lotado".
A situação é um reflexo do avanço da economia e do mais baixo nível de desemprego dos últimos 20 anos. Desde 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresce, em média, 4% ao ano. A demanda por serviços superou a oferta e a consequência foi a superlotação e a alta dos preços. "O ritmo atual de crescimento é insustentável", diz Fábio Ramos, economista da Quest Investimentos.
Nos últimos 12 meses, comer fora de casa ficou 12,7% mais caro, estacionar o carro subiu 10,9%, a mensalidade da escola das crianças aumentou 9,1%, o aluguel subiu 9,9% e a consulta do médico pesa 10,4% mais no orçamento, revela cálculo da Quest. Boa parte dos reajustes é o dobro da inflação do período medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que já subiu salgados 6,5%.
As pessoas que viajam com frequência percebem com mais intensidade os problemas. O "calvário" começa com as filas intermináveis nos aeroportos e os atrasos dos voos, mas está longe de terminar ao chegar ao destino. Dependendo do horário, conseguir um táxi e um quarto de hotel são proezas.
Na cidade de São Paulo, existem 35 mil táxis em circulação, a terceira maior frota municipal do mundo. No entanto, nenhuma nova licença foi concedida nos últimos seis anos, período de forte crescimento da demanda. Os preços da corrida estão entre os mais altos do Brasil e são o triplo de Buenos Aires.
O mercado está tão aquecido que permitiu um reajuste de 16% na tarifa de táxis da cidade em novembro, sem nenhum impacto na demanda. Os taxistas culpam o trânsito pela falta de veículos. "São Paulo tem muito táxi e não comporta mais. É o trânsito que segura os motoristas", diz Natalício Bezerra da Silva, presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo.
Casa do primo. Vencida a etapa do transporte, é preciso conseguir acomodação no hotel. Os executivos reclamam que está difícil encontrar quartos em São Paulo, mesmo quando não há eventos de grande porte na cidade. Cláudio Fontes, diretor-geral da Ajebras, empresa de refrigerantes de origem peruana com filial no Rio de Janeiro, já teve de dormir na casa de um primo.
Fontes viaja a São Paulo em esquema de "bate e volta", mas às vezes é obrigado a ficar na cidade, o que traz problemas. Seis meses atrás, pediu hospedagem ao primo. Recentemente, foi dormir em um hotel em Itupeva, a 80 quilômetros da capital. "O preço da diária era o mesmo dos Jardins (bairro nobre da capital). Gastei uma hora e meia para entrar em São Paulo no dia seguinte", conta.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), a taxa de ocupação em São Paulo está em pouco mais de 70%, um nível considerado "confortável" pelo setor. A avaliação da entidade é que os gargalos se concentram no Rio e em Recife, onde a ocupação superou 80%. "Nos últimos anos, 30 milhões de brasileiros entraram no mercado. Se dermos conta da demanda interna, estaremos prontos para a Copa e a Olimpíada", disse Enrico Fermi, presidente da Abih.

Carrefour pode buscar fusão com Pão de Açúcar, diz jornal

André Lachini, da Agência Estado
 
PARIS - O semanário francês Le Journal du Dimanche publicou matéria neste domingo, 22, na qual afirma que o Carrefour SA, maior varejista da França, pode tentar fazer uma fusão entre sua subsidiária brasileira e o maior varejista do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar (Companhia Brasileira de Distribuição). Segundo o semanário, isso seria um sinal da crescente pressão sobre o gigante varejista francês para que aumente o valor dos seus ativos antes de uma reunião de acionistas que está marcada para o próximo mês.
De acordo com Le Journal du Dimanche, o Carrefour contratou o banco de investimentos Lazard para se aproximar da família Diniz, dona do Pão de Açúcar, e sondá-la sobre a possibilidade de fusão, em troca de uma participação no Carrefour. A matéria não cita fontes e o Carrefour na França recusou-se a comentar o conteúdo.
A matéria afirma que um complicador potencial para um acordo entre Carrefour e Pão de Açúcar seria o fato de que o varejista Casino, da França, divide com a família Diniz o controle do grupo Pão de Açúcar. O Casino também não comentou a reportagem, bem como uma porta-voz do Pão de Açúcar em São Paulo.
Os planos do Carrefour para vender sua rede de supermercados de descontos Dia, apoiados pelo magnata do varejo francês Bernard Arnault e pela firma americana de private equity Colony Capital, serão postos a voto dos acionistas em 21 de junho. A rede Dia é forte no Brasil e na Espanha. As informações são da Dow Jones.

domingo, 15 de maio de 2011

Frigoríficos se preparam para exportar carne de porco para a China

Fonte:G1

Três frigoríficos já estão se preparando para exportar carne de porco para a China. Agora, em abril, a China anunciou a decisão de comprar o produto do Brasil. A expectativa é de que o primeiro embarque ocorra no segundo semestre deste ano.

Em uma granja em Guatambu, oeste de Santa Catarina, Mário Fries cria leitões e é integrado da cooperativa Aurora. Pelo quilo do animal, Mário recebeu, no último lote, 10% a mais do que o obtido nesta época do ano passado. Além do aumento no preço, Mário tem outro motivo para comemorar. A cooperativa é uma das três no país autorizadas a exportar para a China, alegria para os 70 mil integrados da empresa.

“Fazendo maior consumo, a parte do que a gente produz aqui indo para fora, entra a lei da oferta e da procura. Faltando produto aqui dentro, a tendência do nosso preço é aumentar, e por consequência, nosso ganho”, afirma Fries.

A conquista do mercado chinês é resultado de cinco anos de negociações, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Suína. Os chineses visitaram propriedades rurais e olharam atentamente a estrutura da cooperativa.

Na passarela técnica, é através das janelas que consegue ter uma noção de como funciona a produção. Foi por onde os chineses observaram em sua expedição. “Eles procuraram checar se toda a documentação auditada realmente estava sendo implementada corretamente dentro da fábrica. Queriam ter uma confiabilidade em todos os nossos processos”, afirma Antônio Wanzuit, gerente do frigorífico.
Os cortes escolhidos são os miúdos do suíno. A alguns, o brasileiro está bem acostumado, como pé, orelha, rabo e língua. São partes vendidas na forma salgada. Já outros são menos comuns como rim, coração, bexiga, artérias, estômago, intestino e útero.

“Por uma questão cultural, o consumo deles de miúdos é maior que, às vezes, um pedaço nobre para nós, como pernil e paleta. Eles têm vários pratos em que costumam consumir esses miúdos, tanto internos como externos, como ensopados bem condimentados”, afirma Wanzuit.

A China é o país mais populoso do mundo e também o maior produtor de carne suína, com 50 milhões de toneladas por ano, ou seja, a metade da produção mundial. Mesmo assim, falta carne e surge a necessidade de importar.

“Primeiro, via Hong Kong, os miúdos chegavam à China. E chegavam bastante. A outra parte chega na época de frio, então é consumida na forma de salgado, aqui no Brasil mesmo, principalmente em São Paulo, em, por exemplo, feijoadas. Mas muitos deles eram dispensados e viravam farinha de carne, porque não tinha comércio. Agora espero que, via continente chinês, a gente elimine intermediários, tenha um preço melhor e possa repassar para o produtor”, explica Mário Lansnaster, presidente da Cooperativa Aurora.

Segundo a Abipecs, a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, as outras duas empresas credenciadas pela China são a Mabella, também de Santa Catarina e a BRF Brasil Foods, de Rio Verde (GO).